A HISTÓRIA DO DINHEIRO II

Dinheiro e Política; Dinheiro dentro do Capitalismo Informacional; Breve visão do futuro do dinheiro

Depois de abordar alguns conceitos básicos da economia,  a economia na idade média, fenômenos atuais no mercado de trabalho, dentre outros, a Fundação Econo vem, novamente, abordar uma temática para contribuir com a democratização dos conhecimentos econômicos. O assunto da vez é a continuação do último artigo, “A história do dinheiro I”. Em sua parte II, será abordado: a relação do dinheiro com a política, o dinheiro dentro do capitalismo informacional e uma breve visão do futuro do dinheiro.

Dinheiro e política

O surgimento do sistema monetário como o conhecemos não foi apenas um marco econômico na história da humanidade, mas foi também um marco político. Durante a Era Moderna, a unificação monetária foi um fator crucial para a formação dos Estados Nacionais. Sob a divisão territorial entre vários senhores feudais, as formas de pagamento e medidas de conversão monetária variavam bastante, dificultando o comércio. Ademais, as leis tributárias e os pedágios adicionavam à diminuição de lucro ocasionada pelo feudalismo.  


No fim do medievo, a burguesia comercial emergiu como uma classe social de alta importância. Assim, visando a padronização de um sistema monetário unificado, os burgueses apoiaram a formação dos Estados Modernos. Com isso, provou-se como o dinheiro não é relevante apenas no sentido de riqueza de recursos, mas também como ferramenta política intrínseca ao seu próprio sistema.


Ao poder de emissão de moeda, dá-se o nome de soberania monetária. Ela se estabelece não apenas pela própria circulação do dinheiro, mas também pela instituição e pelo Estado de impostos e pagamentos em determinada moeda. Assim, a relação entre moeda e o Governo é interdependente; um se baseia na autoridade e no poder do outro para o seu estabelecimento e a sua manutenção. Portanto, não emitir sua própria moeda é um empecilho para um Estado soberano. Ele não poderá, por exemplo, controlar efetivamente a produção do papel-moeda quando necessário.


Podemos observar as diferentes relações estabelecidas entre Estado, poder e dinheiro em casos específicos de países que não possuem moedas próprias. Países como Zimbábue, El Salvador e Equador utilizam, atualmente, o Dólar Americano como moedas oficiais. No caso do Zimbábue e do Equador, a adoção da moeda ocorreu após graves crises inflacionárias, nas quais as moedas locais perderam sua capacidade de compra, de modo a inviabilizar a sua circulação. No Zimbábue, a título de exemplo, o custo do papel era mais alto que o valor nele impresso. Por sua vez, El Salvador adotou o Dólar Americano devido à sua alta incidência de circulação, sendo ele mais utilizado que a própria moeda nacional.


Por outro lado, Estados com soberania monetária não estão isentos de dificuldades em relação aos seus sistemas monetários. Como sabemos, a moeda está ligada a um valor simbólico, que, dentro do cenário da globalização, varia de acordo com o mercado internacional. Nesse contexto, insere-se o conceito de câmbio: a prática da conversão do dinheiro da moeda de um país para a de outro. O câmbio pode ser fixo (determinado pelo governo) ou flutuante (determinado pelo mercado). O câmbio fixo foi muito utilizado especialmente na época do padrão-ouro, na qual a moeda tinha valor definido pela comparação com ouro. Na Conferência de Bretton-Woods, determinou-se o uso do câmbio fixo com base na moeda dos Estados Unidos, contudo, após a década de 70, o câmbio das principais moedas passou a ser flutuante, baseado na oferta e demanda do mercado.


Dinheiro dentro do Capitalismo Informacional

Com a intensificação dos processos de globalização e o avanço da tecnologia globalmente, seria difícil que os meios de pagamento ficassem de fora – não é à toa que surgiram os cartões e, posteriormente, as moedas digitais. 


Até o ano de 1949, as empresas começaram a oferecer aos seus clientes uma espécie de vouchers/cartões de cortesia, que possibilitaram a esses clientes comprar ao longo do mês nas empresas e quitar o valor consumido ao final do mês. Um desses casos mais famosos foi o Charga-Plate, que era um cartão metálico que continha as informações dos clientes e garantia crédito a eles. O modelo mais semelhante ao que usamos atualmente foi o Diners Club, criado em 1950 e que oficializa o “início” dos cartões de crédito. No período de um ano após a criação, cerca de 42.000 pessoas utilizaram esse meio. Um ponto de virada na história dos cartões ocorreu em 1959, quando o banco americano “Bank of America” lançou o BankAmericard, que foi o primeiro cartão lançado que era aceito em diversos locais e diversas empresas. Desde então, as principais mudanças foram relacionadas ao surgimento das bandeiras dos cartões e ao material de fabricação.


No que diz respeito às moedas digitais, a primeira surgiu entre 2008 e 2009, e sua proposta era ser utilizada com as mesmas finalidades do dinheiro físico, se diferenciando no quesito ser  totalmente digital e funcionar a partir de um sistema descentralizado. Ademais, as criptomoedas não são emitidas pelo governo, sendo independentes e podendo ser transferidas sem a necessidade do intermédio de uma instituição financeira.



Breve visão do futuro do dinheiro

A história do dinheiro, contudo, não termina por aqui. Hoje em dia, mudanças fundamentais já são observadas. O dinheiro em papel, por exemplo, já está com os dias contados na Suécia. Segundo dados do Banco Central Sueco, o dinheiro físico atualmente corresponde a 2% dos pagamentos dentro do país, e a tendência é que sua circulação acabe de vez por volta do ano de 2030. Assim, vemos mais um capítulo na história do dinheiro físico se aproximando de um fim, e observamos como o seu futuro continua incerto. 

O presente material foi redigido com bastante cautela e pesquisa, objetivando esclarecer a história do dinheiro de maneira didática aos senhores. A secretaria acadêmica da Fundação Econo espera contribuir com a temática desenvolvida no artigo, principalmente, no entendimento de fatores básicos que compõem o sistema financeiro. Caso haja alguma dúvida remanescente, estamos à disposição nas nossas redes sociais - sobretudo no Instagram (@economun.oficial).


Autoria de: Arthur Andrade Resende, Staff Acadêmico da Fundação Econo; e Maria Vilasboas Fagundes, Secretária Acadêmica da Fundação Econo.


Quer referenciar este artigo? Segue o modelo:

RESENDE, Arthur Andrade, FAGUNDES, Maria Vilasboas. A História do Dinheiro II. Fundação Econo, 2023. Disponível em: <https://sites.google.com/view/fundaoecono/blog-e-artigos/a-hist%C3%B3ria-do-dinheiro-ii>.

Referências 


FEVEREIRO, José Luís. A importância da soberania monetária. Disponível em: <https://www.laurocampos.org.br/2020/01/23/a-importancia-da-soberania-monetaria/#:~:text=soberania%20monet%C3%A1ria,-H%C3%A1%20uma%20fantasia&text=Um%20dos%20elementos%20historicamente%20constitutivos,agentes%20econ%C3%B4micos%20a%20ele%20subordinados>. Acesso em: 18 out. 2022. 


JEHNIFFER, Jaíne. Câmbio fixo e flutuante: o que são, vantagens e desvantagens. Disponível em: <https://investidorsardinha.r7.com/aprender/cambio-fixo/>. Acesso em: 16 out. 2022. 


WALLIN, Claudia. Dinheiro pode sair de circulação na Suécia até 2030. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160411_sociedade_sem_dinheiro_cw_rb#:~:text=O%20fim%20do%20dinheiro%20de,uma%20nova%20era%2C%20dizem%20especialistas>. Acesso em: 19 out. 2022. 


VERSIGNASSI, Alexandre. Algum país não tem moeda própria?. Disponível em: <https://investidorsardinha.r7.com/aprender/cambio-fixo/>. Acesso em 21 out. 2022.