A HISTÓRIA DO DINHEIRO I

Conceito de Dinheiro e Bolsa de Valores; Trocas - Escambo; Surgimento das moedas, cédulas, cheques e outras formas

Desde as suas origens até a atualidade, o dinheiro vem passando por uma gama de modificações para se adequar às transformações do mercado. Muito se sabe sobre o dinheiro hoje, mas como tudo começou? Por meio do seu sexto artigo, a Fundação Econo vem abordar a história do dinheiro, de modo a contextualizar e simplificar a construção de um saber econômico, que engloba a nossa relação com o dinheiro na contemporaneidade. 

Conceito de Dinheiro e Bolsa de Valores

Antes de tratar precisamente da história do dinheiro, é importante abordar o seu conceito e trazer à tona algumas definições importantes para a compreensão da temática. A palavra “dinheiro” vem do latim denarius, vocábulo que se refere ao nome da moeda que era utilizada pelos romanos. A partir da origem etimológica do dinheiro, já se é possível ter em mente o seu significado: ele nada mais é do que um meio de pagamento usado em trocas, isto é, se trata de uma forma de intercâmbio, pelo o qual se trocam produtos ou serviços. Em adição, o dinheiro possui outras duas características:


Tradicionalmente, o dinheiro costuma ser “materializado” na forma de cédulas e moedas – esse é o caso da grande maioria dos países atualmente, incluindo o Brasil. Nessa perspectiva, surge um ponto interessante: você já parou para pensar que o valor físico do dinheiro não corresponde à sua representação simbólica? Apesar de parecer simples, é bastante interessante imaginar que uma nota de R$100,00 não vale realmente R$100,00, pois esse não foi o valor necessário para a produção da cédula.


Ademais, existe outro conceito que cabe ser apresentado: a bolsa de valores. Apesar de grande parte das pessoas pensarem que ela é um fenômeno recente que surgiu com o surgimento de meios tecnológicos e o ambiente digital, a bolsa de valores é muito mais antiga do que se imagina. Acredita-se que a primeira bolsa do mundo data de 1487, em Bruges, na Bélgica, com o processo de expansão comercial. Mas, afinal, do que ela se trata? A bolsa de valores é um local/ambiente onde são realizadas negociações financeiras – ações, commodities, títulos de dívida, entre outros. 


Trocas - Escambo

O sistema monetário solidificado atualmente funciona baseado na agregação de valor simbólico às cédulas e às moedas oficiais. Contudo, antes da popularização do dinheiro como o conhecemos, essa noção de valor agregado não estava solidificada durante o comércio. Com isso, as primeiras transações comerciais eram realizadas por meio de trocas. 


Um dos principais sistemas de troca era o escambo. Ele consistia na troca de itens entre duas partes de forma a satisfazer os interesses entre ambas. Esse sistema era bem mais frequente no período da Antiguidade, entretanto ele se estendeu durante a Idade Medieval e até mesmo em tempos mais recentes. Na história brasileira, a título de exemplo, podemos citar o escambo entre os portugueses, interessados no pau-brasil, e os indígenas, nos primeiros momentos da chegada europeia. Esse exemplo demonstra, também, como mesmo se o valor de mercado dos itens não possui exata equivalência, a troca ainda pode ocorrer se ambos estiverem de acordo. Atualmente, apesar de raro, encontramos casos similares ao escambo em acordos de permuta, predominantemente, presentes nas mídias sociais.


Ademais, existiam casos em que itens específicos recebiam valor simbólico. Itens não perecíveis tal como grãos, barras de metal ou até mesmo o sal, eram os principais escolhidos. O sal era frequentemente utilizado, em especial, pela sua alta demanda na Antiguidade, já que possuía a função de conservar alimentos. Atualmente, existem evidências de que legionários romanos recebiam sal como bônus após batalhas vencidas, e daí teria vindo o nome "salário" para categorizar o ordenado de um trabalhador.



Surgimento das moedas, cédulas, cheques e outras formas

Ao longo da história, práticas como o escambo e a utilização de itens com valor agregado foram sendo substituídas por outras formas. Mas quais são essas formas e como elas surgiram? A primeira delas foi a moeda, que surgiu como uma resposta à complexidade que eram as negociações sem o estabelecimento de um meio de troca. Elas precisavam de serem feitas de um material que fizesse parte da cultura dos povos que viriam a utilizá-la e de que pudesse ter fácil acesso e transporte. Por esse motivo, foi escolhido o metal como material. Contudo, nos períodos iniciais, o metal não era forjado ou padronizado, mas sim usado em sua forma natural – apenas mais tarde ele passou a ser padronizado, de maneira a tornar as relações comerciais mais fáceis. Com o início da cunhagem padronizada das moedas, outras informações começaram a ser estampadas, como o reino a qual pertencia ou até mesmo a imagem dos imperadores – caso que aconteceu com o rei macedônico, Alexandre, O Grande.


Posteriormente, na região da China, durante a Dinastia Tang (618–907 d.C), foram criadas as notas em papel. O principal objetivo de sua criação era reduzir a quantidade excessiva de metal utilizado, especialmente quando ocorriam negociações grandes, as quais demandavam um número alto de metais. Já durante o século XIII, o conceito foi levado à Europa através de Marco Polo (um famoso viajante italiano). Entretanto, somente em 1661, um banco sueco imprimiu as primeiras cédulas na Europa, inovando no continente.


Outro meio de pagamento é o cheque, que surgiu na Inglaterra, no século XVII. Ele, basicamente, é uma ordem de pagamento feita pelos titulares de contas a partir do papel/folhas. Sua popularidade era maior no passado, porém, com o avanço de meios tecnológicos, ele foi sendo substituído por outras alternativas.

A equipe acadêmica da Fundação Econo almeja que, após a leitura do presente artigo, alguns conceitos importantes para o entendimento da história do dinheiro possam ter sido esclarecidos, principalmente, por serem termos populares em conversas. Caso alguma dúvida ainda tenha restado, estamos à disposição nas nossas redes sociais - sobretudo no Instagram (@economun.oficial).


Autoria de: Arthur Andrade Resende, Staff Acadêmico da Fundação Econo; e Maria Vilasboas Fagundes, Secretária Acadêmica da Fundação Econo.


Quer referenciar este artigo? Segue o modelo:

RESENDE, Arthur Andrade, FAGUNDES, Maria Vilasboas. A História do Dinheiro I. Fundação Econo, 2023. Disponível em: <https://sites.google.com/view/fundaoecono/blog-e-artigos/a-hist%C3%B3ria-do-dinheiro-i>.

Referências 


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CONCEITO. Conceito de dinheiro. Disponível em: <https://conceito.de/dinheiro>. Acesso em 13 out. 2022.


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INFOMONEY. Criptomoedas: Um guia para dar os primeiros passos com as moedas digitais. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/criptomoedas/>. Acesso em 17 out. 2022. 


PAVAN, Fabio. Bolsa de valores: o que é e como funciona?. Disponível em: <https://www.politize.com.br/bolsa-de-valores/>. Acesso em 13 out. 2022.


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REIS, Tiago. Escambo: entenda o que é e como era esse sistema de troca. Disponível em: <https://www.suno.com.br/artigos/escambo/>. Acesso em: 15 out. 2022.